Há dois meses atrás, decidi realizar uma viagem ao Principado de Asturias, uma comunidade espanhola que não conhecia muito bem. Minha primeira parada foi a cidade de Gijón, que cheguei depois de 4 horas viajando em ônibus. Na realidade, fugia também do calor sufocante do verão em Madrid, por isso escolhi um local onde as temperaturas eram mais suaves…
Distante a menos de 30km da capital Oviedo, Gijón é a maior cidade de Asturias (norte da Espanha), com cerca de 275 mil habitantes. Situa-se no litoral da comunidade, e no idioma asturiano seu nome se escreve Xixón.
A origem de seu nome provoca intensos debates entre os estudiosos. Segundo Miguel de Unamuno, origina-se do latim Saxum, que significa penhasco, uma alusão ao relevo rochoso onde se assentou o núcleo primitivo da cidade no séc. V aC, atualmente conhecido como Cerro de Santa Catalina.
Este local, além de oferecer vistas espetaculares da cidade, acolhe também um dos seus símbolos, uma enorme escultura feita de concreto chamada “Elogio del Horizonte”, realizada pelo artista Eduardo Chillida em 1990.
O Escudo de Gijón representa o primeiro monarca do antigo Reino de Asturias, D.Pelayo, que segura uma espada na mão direita e a cruz da vitória na esquerda, uma referência a Batalha de Covadonga, quando os muçulmanos foram expulsos do reino.
Até época recente, Gijón era uma cidade eminentemente industrial, favorecida pelo porto e pela ferrovia existentes. Com a crise no setor siderúrgico e naval, transformou-se num belo e interessante centro turístico e universitário.
O achado de Dólmens na região, que remontam a mais de 5 mil anos, comprovam a antiguidade dos primeiros habitantes do lugar. Estes primeiros asturianos foram dominados pelo Império Romano, que deixou constância de sua passagem por Gijón nas Muralhas e nas Termas Romanas, que podem e devem ser visitadas (algo que infelizmente, não tive tempo de fazer…). Ao lado das termas, vemos uma estátua do Imperador Octávio Augusto.
A época visigoda é obscura, não deixando rastros de sua presença. Gijón foi a capital dos domínios muçulmanos na costa do Mar Cantábrico, de 713 a 722 (neste último ano, foram derrotados por D.Pelayo na batalha acima citada). A partir de então, novamente os dados são escassos, e a cidade volta a aparecer documentada somente em 1270, quando o rei Alfonso X lhe concede a categoria de pueblo. Abaixo, vemos a popular Praia de San Lorenzo, situada no centro. Com 1550m, seu formato de concha propicia agradáveis passeios pela orla.
O séc. XIV marcou um período de lutas dinásticas no país entre Pedro El Cruel e Enrique de Trastámara, resultando devastadora para a cidade, que foi incendiada e arrasada. Os séculos XVII e XVIII representaram um momento de prosperidade, quando o porto foi habilitado para o comércio com o continente americano. A exploração do carvão no séc. XIX permitiu uma outra fase de crescimento. O porto foi reconstruído em 1893, tornando-se o primeiro porto carvoeiro do país. Novas estradas e a abertura da ferrovia consolidaram sua imagem industrial. O advento da burguesia local estabeleceu uma onda construtiva, deixando sua influência e poder econômicos em belíssimos edifícios Modernistas e Art Decô. A seguir, vemos uma foto da Praia de San Lorenzo, com a Igreja de San Pedro ao fundo.
A Igreja de San Pedro se destaca na paisagem da Baía de San Lorenzo. Foi construída em 1955 pelos irmãos Francisco e Federico Somolinos sobre o antigo e principal templo da cidade, edificado no séc. XV e destruído durante a Guerra Civil. Abaixo, vemos uma imagem geral do interior e os belos mosaicos que o decoram.
Nosso passeio por Gijón está apenas começando. Espero que vocês se surpreendam tanto quanto eu…