Recentemente realizei uma excursão organizada pelos meus professores de história a uma região de grande potencial turístico, a Província de Burgos, uma das províncias que formam a Comunidade de Castilla y León. Visitamos a antiga cidade romana de Clunia e o belo povoado de Caleruega, que em breve vocês verão no blog. Nossa primeira parada, no entanto, foi o município de Coruña del Conde, cujas principais atividades econômicas são a agricultura (cereais e vinho) e a indústria madeireira. Este pueblo conta com apenas 120 habitantes, mas em seus limites acolhe uma das construções mais antigas da zona conhecida como Ribera del Rio Duero, a Ermita de Santo Cristo de San Sebastián (a palavra ermita, em português, pode ser traduzida como uma pequena capela).
O reduzido tamanho da construção é inversamente proporcional à sua importância histórica, representando uma combinação das diversas culturas presentes nesta zona entre os séculos IX e X. Parece que o edifício original foi destruído pelos árabes no século X, sendo reconstruído no estilo pré-românico com influências bizantinas.
Da etapa pré-românica, o grande destaque fica por conta do ábside da ermita, cujo formato retangular constitui uma das principais características desta corrente arquitetônica. Foi construído provavelmente no ano 912, quando este território foi incorporado ao antigo Condado de Castilla. Seu muro foi decorado com os denominados Arcos Cegos…
Na parede superior do ábside vemos um relevo com uma curiosa figura humana, que por sua vestimenta poderia remontar à época visigoda…
Alguns dos capitéis que rematam as colunas da ermita também pertencem ao período pré-românico, como vemos abaixo.
A ermita foi novamente reformada no final do século XI, quando se adotou o estilo românico, como podemos observar em sua porta principal, formada por 3 arcos semicirculares.
O mais curioso desta reforma foi a incorporação de diversos blocos de pedra que foram trazidos da cidade romana de Clunia, situada próxima ao município de Coruña del Conde. Algumas destas pedras apresentam relevos esculpidos, como observamos nas colunas que sustentam a porta principal.
Outras apresentam símbolos pagãos, como o chamado corno da abundância…
O interior deste insólito templo religioso está composto por apenas uma nave retangular, que não visitamos pois a ermita estava fechada à visitação pública.
Desde a ermita, tínhamos uma bela vista das ruínas do Castelo de Coruña del Conde, cuja origem se remonta ao século X, quando o Rei García de León decidiu repovoar estas terras. No início do século XXI, o castelo foi reforçado para que não desabasse. Como curiosidade, a prefeitura do município, proprietária da fortaleza, colocou a construção a venda ao preço de 1 euro (acreditem, se quiser…) a qualquer pessoa que se comprometa em sua restauração e posterior conservação, diante da impossibilidade de obter fundos públicos para a tarefa….alguém se habilita ?