Neste segundo post sobre o patrimônio religioso de Salamanca veremos outras construções de importância histórica da cidade castelhana. A Ordem Franciscana, como sucedeu com os carmelitas, também teve um grande papel na história salmantina. Um dos principais edifícios associados a ordem é o Monasterio de la Anunciación, um convento feminino fundado na segunda metade do século XV para as freiras da Ordem Terceira de São Francisco.
O convento, também conhecido como “Las Úrsulas“, foi ampliado pelo Arcebispo Alonso II de Fonseca, com a finalidade de estabelecer nele sua capela funerária. De fato, no monastério foi enterrado, depois de sua morte em 1512. Abaixo, vemos seu característico ábside gótico…
A fachada principal pertence ao período barroco, realizada por Jerónimo García de Quiñones, outro arquiteto emblemático da cidade, em 1722.
Depois de mais de 5 séculos vivendo no local, em 2018 as religiosas tiveram que abandonar o convento devido ao escasso número de freiras e a falta de vocação.
De mediados do século XVIII e de estilo barroco, a Capela de San Francisco fazia parte de um antigo convento franciscano, que não existe mais. Atualmente pertence à Ordem dos Capuchinos. Na fachada principal vemos uma imagem de São Francisco….
O próprio santo foi homenageado com uma estátua realizada por Venancio Blanco, e inaugurada em 1976.
Bem próximo à estátua em homenagem a São Francisco, situa-se a Capela da Santa Vera Cruz, construída por uma das confrarias mais ilustre da cidade no século XVI, que nela está sediada. O projeto foi realizado por Rodrigo Gil de Hontañón, um dos principais arquitetos renascentistas do país.
Deste período inicial, se conserva a fachada principal com uma imagem da Imaculada. No século XVIII, o interior dete singelo templo foi reformado no estilo barroco por Joaquín de Churriguera.
Os Irmãos Churriguera destacaram-se no século XVII como arquitetos e escultores referentes na Espanha. Realizaram muitos trabalhos em Salamanca, sendo que um deles, José Benito de Churriguera (1665/1725) tornou-se o mais famoso. Seu irmão Alberto de Churriguera foi o responsável pela construção da Igreja de San Sebastián, situada ao lado do Palácio de Anaya, um dos edifícios históricos da Universidade de Salamanca, que vimos recentemente no blog.
A igreja foi construída inicialmente em 1410, mas foi derrubada por problemas estruturais. Na primeira metade do século XVIII foi reconstruída por Alberto de Churriguera (1676/1750). A portada barroca foi decorada com uma imagem de San Sebastián realizada por outro membro da família, José de Lara Churriguera…
O período barroco foi determinante em muita das construções religiosas existentes em Salamanca, como podemos notar. A Igreja de San Pablo, situada na Plaza de Colón (com o conhecido monumento em homenagem a Cristóvão Colombo, que já vimos nesta série de matérias sobre a cidade) também se insere neste estilo artístico. Erguida no século XVII, em sua origem foi conhecida como Igreja da Santíssima Trindade, formando parte do Convento dos Trinitários Descalços. A fachada é a única parte que se conserva, decorada com um relevo da Santíssima Trindade…
O templo adquiriu o nome de San Pablo quando a antiga igreja dedicada ao santo foi abandonada por seu estado ruinoso (conhecida atualmente pelas ruínas de San Polo, que vimos no post anterior). Depois dos processos de desamortização do século XIX, a igreja perdeu sua função original, e o espaço litúrgico passou a ser usado como sede do quartel civil. Atualmente pertence ao sistema judiciário da cidade.
Finalizamos a matéria com a Igreja de la Puríssima, considerada uma das mais belas de Salamanca. Declarada Monumento Nacional desde 1935, sua construção foi ordenada pelo Conde de Monterrey em 1636 para que nela fosse sepultado junto com sua família. Formava parte do Convento de Agustinas Recoletos, e as obras finalizaram em 1687.
Situada em frente ao Palácio do Conde de Monterrey, em sua arquitetura barroca destaca a cúpula, reconstruída em 1675, depois que a original foi derrubada, e sua fachada, com um grande pórtico de mais de 30m de altura.
Uma pena que infelizmente não tive a oportunidade visitar a igreja por dentro, que conserva magníficas obras de arte, entre as quais diversos quadros de José de Ribera, um dos principais pintores barrocos do país. Fica para a próxima vez…