Como consequência do grande crescimento que Madrid experimentou logo depois de tornar-se Capital da Espanha em 1561, a cidade transformou-se também na “Capital do Crime e da Delinquência”, com as taxas de delitos mais altas da Europa.Em 1650, por exemplo, durante 6 meses houve 160 mortes violentas, para uma cidade com cerca de 100 mil habitantes. Apesar da existência da Pena de Morte, estes números aterradores nao diminuiram. No séc. XVI, Madrid nao possuía nenhum edifício destinado a cadeia, motivo pelo qual eram requisitados de forma temporária imóveis para alojar os presos. Somente em 1543 foi construída a prisao da vila, derrubada em 1621. Já durante o governo de Felipe IV (1621/1665) foi levantado o edifício sede da Prisao de Madrid, digna para a capital do império, situada na Praça da Província.
Além de abrigar a prisao da vila, passou a sediar também uma instituiçao de origem medieval, o Tribunal de Alcaldes de Casa y Corte (original em espanhol). A primeira pedra foi colocada em 1629, sendo finalizado em 1636. O novo edifício centralizava todas as funçoes jurídicas e penais da Madrid de los Áustrias, denominaçao da dinastía monárquica na época.
Naquele período, a Justiça Civil predominava, enquanto o Tribunal da Inquisiçao julgava os delitos de heresía. O Tribunal de Alcades era responsável por averiguar 90 % dos delitos cometidos. Com esta cifra, fica fácil perceber a importância deste edifício no séc. XVII. O denominado Alcalde exercía a funçao de juiz, e impunha as sentenças de condenaçao. O presidente da prefeitura chamava-se corregidor.
O edifício foi projetado por Juan Gómez de Mora, arquiteto real, e foi edificado num estilo herreriano (de Juan de Herrera, construtor do Monastério do Escorial), numa época já determinada pelos preceitos do barroco. Combina o tijolo, o granito e a pizarra (ardósia, em português), usada na parte superior das torres, situadas em cada esquina da construçao. Trata-se do edifício mais importante do reinado de Felipe IV, e um dos mais emblemáticos da capital espanhola. Abaixo, vemos uma inscriçao original na fachada que recorda o dito acima.
Na sequência, vemos o escudo de Felipe IV que preside a fachada, bem ocomo um retrato do monarca, realizado entre 1630/1635, por artistas pertencentes ao círculo do pintor Diego Velázquez.
As pessoas humildes que recebiam a pena máxima eram enforcados na Plaza de la Cebada, enquanto os nobres eram degolados pela frente na Plaza Mayor, situada a poucos metros da prisao. Já os bandoleiros tinham seus membros cortados e expostos em lugares públicos. Abaixo, vemos uma foto da Plaza Mayor de Madrid.
Outro instrumento capital, de invençao espanhola, foi o Garrote Vil. O pobre condenado sentava-se num assento e um aro de ferro era colocado ao redor do pescoço. Um carrasco girava um tornilho situado na parte traseira do assento, e o réu falecia afixiado, de forma quase imediata. Os bancos feitos de bronze da Plaza Mayor contam a história da praça, e neles podemos observar o mecanismo do Garrote Vil.
O edifício foi utilizado como prisao até o reinado de Felipe V, já no séc. XVIII. Um terrível incêndio, ocorrido em 1791, destruiu a quase totalidade do nível superior da construçao. O arquiteto Juan de Villanueva foi o encarregado de sua reconstruçao. Um pouco antes, em 1767, passou a abrigar apenas a Sala de Alcaldes, e a prisao foi levada a um edifício próximo. As execuçoes públicas foram abolidas somente em 1900. A partir de entao, foram realizadas nos quartéis. Desde 1938, tornou-se a sede do Ministério de Assuntos Exteriores e Cooperaçao, funçao que exerce até os dias de hoje. No ano seguinte, passa a ser conhecido como Palácio de Santa Cruz, dada a proximidade com a parróquia de mesmo nome. O Ministro de Assuntos Exteriores vive na parte lateral do edifício, no chamado Palácio do Duque de Rivas.
Seu nome procede de um dos proprietários do palácio, Ángel de Saavedra y Ramírez de Baquedano, II Duque de Rivas. Personagem importante na época (séc. XIX), foi deputado, ministro, Presidente do Conselho de Estado e Prefeito de Madrid. Como humanista, foi poeta, dramaturgo e diretor da Real Academia Espanhola.
Em 1939, quando era propriedade do Marquês de Viana, o Ministério de Assuntos Exteriores adquiriu o palácio, transformando-o em residência ministerial.