Renascimento Espanhol – Estilo Plateresco

O início do Renascimento na Espanha está intimamente relacionado com a monarquia dos Reis Católicos. O novo estilo italiano tardou em chegar ao país devido à tradição do Estilo Mudéjar e a longa sobrevivência do gótico na Espanha, associado ao cristianismo. Tradicionalmente se aceita o ano de 1492 como a data de início do Renascimento Espanhol, cujo impulso no país se deve a diversos acontecimentos históricos de grande relevância, como a unificação do Reino Cristão com a conquista do último reduto muçulmano da Península Ibérica, o Reino de Granada, o Descobrimento da América por Cristóvao Colombo (Cristóbal Colón, em espanhol) e a publicação da primeira gramática espanhola, escrita por Antonio de Nebrija.

 

 

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Monumento em homenagem a Cristóvao Colombo – Salamanca.

A assimilação dos elementos renascentistas ocorreu através de uma interpretação particular do Renascimento Italiano logo em sua chegada ao país, conhecida como Estilo Plateresco. Também denominado Estilo Reis Católicos ou Protorenascimento, se desenvolveu basicamente na arquitetura, a partir do final do século XV. Uma de suas principais características é o excesso decorativo presente nas fachadas dos edifícios, combinando componentes decorativos mudéjares, do gótico flamíngero, além dos elementos renascentistas italianos. Seu nome se deve a esta elaborada e rica decoração, que se assemelhava ao intricado e detalhista trabalho realizado pelos profissionais que manuseavam a prata (plata, no idioma espanhol). Abaixo, vemos a fachada do Colégio Maior da Universidade de Salamanca, um exemplo perfeito do Estilo Plateresco. De 1529, se desconhece seu autor…

OLYMPUS DIGITAL CAMERAColégio Mayor da histórica Universidade de Salamanca.

Os elementos decorativos do Estilo Plateresco incluem motivos vegetais e animais, criaturas fantásticas, escudos e pináculos, medalhões, personagens grotescos, além de elementos tipicamente renascentistas, como colunas, arcos romanos, etc.

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Representaçao dos Reis Católicos no Colégio Maior da Universidade de Salamanca.

O Estilo Plateresco chegou a sua máxima expressão durante o reinado do Imperador Carlos I, e a cidade onde mais floresceu foi Salamanca. Outra característica deste estilo exclusivamente espanhol são as fachadas decoradas como se fossem verdadeiros retábulos. Na sequência, vemos a fachada do Convento de San Esteban, considerada uma das mais belas do plateresco. Sua construção iniciou-se em 1524, sendo projetada pelo arquiteto Juan de Álava. Também situado em Salamanca.

 

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Convento de San Esteban – Salamanca.

De uma forma mais simplificada, o Estilo Plateresco constitui uma etapa de transição do Estilo Gótico ao Renascimento. Apesar da incorporação de  elementos renascentistas na fachada dos edifícios, o espaço interior segue os parâmetros do gótico. Abaixo, vemos a Casa das Conchas de Salamanca, assim chamada pelas mais de 300 conchas existentes em sua decoração. Iniciada em 1493, sua construção finalizou em 1517, e o projeto coube ao arquiteto Rodigo Gil de Hontañón.

 

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Casa das Conchas – Salamanca.

Outro monumento característico do Estilo Plateresco, o Convento de San Marcos de León é considerado um dos seus tesouros. Hoje em dia funciona como um hotel da rede de Paradores Nacionais da Espanha.

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Convento de San Marcos – León.

O Hospital dos Reis Católicos, situado na emblemática Plaza del Obradoiro de Santiago de Compostela, junto a sua famosa catedral, consituiu outro exemplo notável do estilo, e também funciona atualmente como Parador Nacional. Foi construído entre 1501 e 1511, e projetado pelo arquiteto Enrique Egas.

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Hospital dos Reis Católicos – Santiago de Compostela.

Valladolid é outra cidade em que o Estilo Plateresco influiu em parte de seus monumentos mais conhecidos, como o Colégio de São Gregório, sede do espetacular Museu Nacional de Escultura.

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Colégio de Santa Cruz – Valladolid.

 

Na Comunidade de Castilla La Mancha, destaca o Hospital de Santa Cruz, situado em Toledo. Sua portada plateresca foi projetada por um arquiteto fundamental da renovação urbana da cidade no século XVI, Alonso de Covarrubias.DSC03546

Um dos maiores centros renascentistas da Espanha, as monumentais cidades de Baeza e Úbeda, na Andaluzia, foram declaradas Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Um dos símbolos de Úbeda é a Sacra Capela do Salvador, localizada na maravilhosa Plaza Vázquez de Molina. Declarada Monumento Histórico-Artístico em 1931, se considera o projeto mais ambicioso de toda a arquitetura religiosa privada do Renascimento Espanhol, realizado pelos arquitetos Diego de Siloé e Andrés de Vandelvira. Um de seus destaques é a fachada plateresca.

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Sacra Capela do Salvador – Úbeda.

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