Portas Monumentais de Madrid

Iniciamos, a partir de hoje, uma série de publicaçoes em que abordaremos as Portas Monumentais de Madrid. Algumas delas tinham um caráter defensivo. Outras, uma finalidade somente ornamental. E existem aquelas cujo objetivo da construção estava relacionado ao controle fiscal e sanitário. Antes, porém, faremos uma breve introdução, falando um pouco sobre as muralhas que rodeavam a cidade.

O primeiro recinto de muralhas que se construiu corresponde ao período da fundação da capital, quando ainda se chamava Mayrit, durante o período árabe.

OLYMPUS DIGITAL CAMERANuma data indeterminada entre os anos 860/880 dC, o emir cordobês Mohamed I mandou levantar uma atalaia defensiva no local onde atualmente se ergue o Palácio Real. Em seguida, ordenou a construção de uma muralha que protegesse o pequeno povoado que se formava então. Os restos destas primeiras edificações integram o denominado Parque de Mohamed I, uma homenagem ao fundador da cidade. Situam-se ao lado da Catedral de Almudena e possuem um valor mais arqueológico que artístico. Os vestígios conservados possuem 120m de comprimento e foram declarados Monumento Histórico-Artístico em 1954.

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Posteriormente, foram levantadas as chamadas muralhas medievais, da época dos reis cristãos. A segunda muralha foi construída pelo rei Alfonso VII no séc. XII como uma ampliação da antiga muralha árabe. Constava de 4 portas, hoje desaparecidas. Em 1438, levantou-se o denominado Cerco de Arrabal, com objetivo de controlar uma epidemia de peste que assolou Madrid. Possuía 8 portas, uma das quais a famosa Porta do Sol. Durante o reinado de Felipe II, em 1566, ergueu-se uma nova cerca, como controle fiscal e sanitário e finalmente, no governo de Felipe IV, levantou-se em 1625 a última muralha de Madrid, devido ao crescimento demográfico e também por motivos fiscais e de vigilância. Infelizmente, poucos são os restos destas muralhas medievais, desaparecidas em sua totalidade pelo mesmo crescimento que motivou suas construções. Algumas pequenas partes se podem ver, ainda que de forma isolada e descontínua.

OLYMPUS DIGITAL CAMERAA primeira das Portas Monumentais que veremos é a chamada Porta de San Vicente. Ao longo de sua longa história, várias construções precedem a atual. A primeira permaneceu de pé até 1726 e chamava-se Porta do Parque. O então prefeito de Madrid ordenou sua demolição, devido ao péssimo estado em que se encontrava e encarregou ao arquiteto Pedro de Ribera a construção de uma nova. Esta porta estava adornada com uma estátua de San Vicente, originando assim seu nome.

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No entanto, esta porta foi demolida em 1770, e Carlos III ordena ao arquiteto Francesco Sabatini uma substituta, finalizada 5 anos depois. Em 1890, a porta foi desmontada devido à reorganização do tráfico na zona onde se situava e, a partir de então, seu paradeiro é desconhecido. Em 1994, finalmente se inicia a construção atual, uma réplica exata da anterior, possível graças aos projetos existentes de Sabatini e de uma excelente foto, tirada antes de sua remoção.

OLYMPUS DIGITAL CAMERAA segunda porta que vamos ver hoje é a denominada Porta Real, igualmente construída por Francesco Sabatini, durante o reinado de Carlos III.

OLYMPUS DIGITAL CAMERAErguida como a porta principal do Real Jardim Botânico a partir de 1773, perdeu esta função quando se construiu a Porta de Murillo, cujo arquiteto Juan de Villanueva foi também o responsável pelo traçado definitivo do jardim, poucos anos depois.

DSC04595Abaixo, vemos a Porta de Murillo, a entrada principal ao Jardim Botânico.

OLYMPUS DIGITAL CAMERADe estilo clássico, a Porta Real se assemelha à Porta de San Vicente, já que o arquiteto é o mesmo. Situa- se em pleno Paseo do Prado, e passa desapercebida por muitos, pois está permanentemente fechada.

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No friso superior, uma inscrição diz:

“Carlos III, pai da pátria, restaurador da Botânica, à saúde e recreio dos cidadãos, ano 1781.”

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